Lembro bem quando o professor de sociologia me passou esta terrível avaliação após eu ter apresentado mais de duas páginas repletas de considerações sobre o tema da prova : opinião pública . Incrédulo , fui reclamar e recebi o devido esclarecimento : a “opinião pública” da qual ele se referia , não se constituía , no entender da matéria em questão , na mera opinião da massa que a emitia mas , de forma mais profunda e na sua própria visão sociológica , a mesma refletia , de fato , a opinião da classe dominante que , à sua maneira , “encaminhava” esta opinião , indiretamente e subjetivamente , às conclusões do seu vocacional interesse .
Num contexto mais abrangente , o mesmo parece se aplicar também em nosso dia-dia , na forma pela qual nos comportamos , nos vestimos , nos alimentamos , nos entretemos , etc. ( quem foi mesmo que disse que somos o resultado do meio no qual vivemos ? ) que , de certa forma , não passam de comportamentos , gostos e hábitos que certas pessoas e certos interesses nos fazem aceitar e/ou nos induzem a crer que são aqueles que julgamos mais adequados ao nosso processo existencial .
Mas a coisa vai mais além desta tão óbvia observação que todos nós conhecemos tão bem e da qual possuímos , tenho a mais absoluta certeza , total consciência .
O nosso modo contemporâneo de viver , neste novo mundo inundado por uma tecnologia ( que avança em velocidade astronômica , difícil de acompanhar ) e que se parece cada vez mais com as fantasias mais criativas da moderna ficção científica , viaja neste mesmo instante por caminhos extremamente perigosos que permitem e concedem controles inimagináveis , a uns poucos mega grupos , sobre uma massa que se aproxima à quase totalidade da população do nosso planeta .
Hoje , somos “vistos” e “escutados” por sofisticados sistemas desenvolvidos através de processos e algoritmos da chamada Inteligência Artificial que , ao nos “conhecer” melhor do que nos conhecemos a nos mesmos , aprendem a nos controlar e “controlar” as nossas escolhas comportamentais de acordo ao programado por aqueles que se “escondem” atrás destas mirabolantes conexões virtuais que atualmente fazem parte integrante do nosso próprio ser , do nosso próprio corpo e cérebro ( estas tais máquinas das quais não conseguimos mais nos separar : computadores , telefones celulares , tablets , etc. e das suas respectivas redes interativas e dos seus milhares de aplicativos anexos ) .
Precisamos , já que não há escapatória para a questão , pelo menos entender e compreender que , neste presente momento da história , as nossas opiniões assim como as nossas escolhas , nossos gostos , nossos comportamentos e nossas crenças são “manipuladas” de acordo aos interesses de quem domina o avanço desta nova e irreversível tecnologia .
Ou seja , “aceitar” ser o que outros querem que sejamos , mesmo acreditando de que somos o que queremos ser .
Ser ou não ser , eis a questão ! .
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